Quando eu
decidi começar a jogar RPG eu sequer imaginava o poder de imersão que o jogo possui.
Eu apenas desejava criar uma historia divertida com a qual pudéssemos passar as
tardes de domingo de um jeito mais produtivo que assistindo aos repetitivos
programas dominicais. Mal sabia eu que, juntos, meus amigos, meus irmãos e eu criaríamos
aventuras memoráveis que permaneceriam em nossas mentes por muitos e muitos
anos.
Foram feitos
grandiosos, como salvar o duque, recuperar artefatos lendários e trazer os dragões
da luz de volta as pazes com os humanos, tudo que qualquer jovem sonha em ver
em um jogo de videogame ou uma história em quadrinhos.
O primeiro
grande feito heroico que meus aventureiros fizeram eu me lembro com detalhes até
hoje: após enfrentarem e derrotarem Lorduk, os heróis Dioff, Morë Nárë, um
habilidoso elfo arqueiro; Diodar, um poderoso e temperamental anão; Bren de
Beleghotvar, um humano mago de grande poder, e Sadok Pés-Cobertos, um
comerciante de uma raça que chega a apenas 1,10m de altura(inspirada nos
Hobbits de O Senhor dos Anéis) já sabiam que deveriam encontrar, urgentemente,
a cura para a licantropia, caso contrário o duque Dregan estaria condenado. Não
me lembro dos detalhes, mas o fato é que os heróis ficaram sabendo de um templo
de um deus conhecido com Deus-Raposa, onde, supostamente, encontrariam a cura
que tanto procuravam.
Munidos de
muita coragem, os heróis partiram para o tal templo. No caminho, entretanto,
são parados por um velho misterioso de nome Bryn Myrdin. Essa estranha figura
pergunta aos heróis o que eles pretendem fazer no templo da Raposa e estes
prontamente respondem que buscam uma cura para a licantropia.
O velho enigmático,
que na verdade é um poderoso mago, percebe que está diante de aventureiros valorosos
e decide ajuda-los. Ele os leva até uma cachoeira, aos pés da qual existe uma espécie
de lago natural. De dentro desse lago, uma enorme rocha surge, como que por mágica,
revelando aos heróis uma entrada secreta de uma caverna. Dentro dessa caverna,
os aventureiros encontram 4 artefatos mágicos: uma corda que nunca se rompe,
uma tocha que nunca se apaga, uma esfera de cristal de onde brota um
filamento de luz que sempre aponta o Leste (o nascente do sol) e um cantil mágico
que nunca se esgota.
O mapa de Agash kaar: o reino onde nossas aventuras RPGísticas começaram. |
Todos esses
itens estavam guardados com cuidado em cima de um pedestal. Aos pés desse
pedestal havia uma espada, muito velha e enferrujada, dentro de uma bainha suja
e coberta de teias de aranha. Os heróis perguntam a Bryn Myrdin o que seria
esta espada e ele responde que era uma espada mágica, mas que ninguém jamais
descobriu como se utiliza. Só o que se sabia era que ela era chamada de
"Banidora do Mal". O jovem Sadok Pés-Cobertos, o jovem pequenino que era um
comerciante antes de começar essa aventura, decide pegar a tal espada e leva-la
consigo.
Os aventureiros
partem e, após alguns dias de viagem, chegam a Floresta do Templo da Raposa. Logo
percebem que há algo errado no ar, pois está tudo em silêncio e parece nem
haver animais na floresta. Os heróis, entretanto, têm que seguir em frente. Após
andarem algumas horas, avistam ao longe o que seria as ruínas do templo que
procuram. Sem entender o que está acontecendo, decidem se aproximar. De tempos
em tempos, o jogador do personagem Sadok dizia para mim que estava tentando
tirar a espada da bainha, ao que eu respondia que nada acontecia.
Quando chegam
à clareira onde o templo foi construído, seus corações se enchem de medo e
pesar: diante deles se encontra o Templo da Raposa, totalmente em ruínas e
cercado de esqueletos de soldados e cavalos mortos, provavelmente falecidos em
alguma grande batalha. Antes que os heróis possam fazer qualquer coisa, estes
esqueletos se levantam e partem para cima deles. Sem ter como fugir, os heróis correm
em direção ao templo, pensando em se refugiar lá dentro. Foi um momento muito
tenso, pois havia muitos mortos-vivos e não haveria como os aventureiros
enfrentarem a todos.
O mapa do Templo da Raposa (com z?)... Errinho de portugues às vezes tem mesmo... Kkkkk |
A missão dos
personagens, entretanto, não era enfrentar os mortos-vivos e, sim, explorar o
templo. Por isso, assim que entraram, perceberam que os mortos-vivos não os seguiam.
Existia uma forte magia que os mantinha do lado de fora. E lá fora eles
permaneceram, cercando todo o local. Sem ter pra onde ir, os aventureiros
seguiram para dentro do templo e, após uma rápida exploração, chegaram ao altar
central do lugar. Em uma grande sala em ruínas, onde, com certeza se realizavam
cerimônias em honra ao deus raposa, eles encontram um altar, no centro do qual
um magnifico cálice de prata se encontra guardado. Segundo as lendas era esse cálice
que era capaz de curar a licantropia.
Os heróis
se rejubilam de alegria: encontraram a cura, a qual vieram buscar. Aparentemente
sua jornada chegou ao fim. Tão felizes estavam que esqueceram o bom senso e se
aproximaram do cálice sem verificar o local antes.
De repente,
surge de trás do altar uma enorme serpente com uma cabeça humana esquelética:
uma Naga. Um monstro ancestral que, sem pestanejar, ataca os heróis e os enlaça
com seu corpo. Como os que estavam mais próximos do altar na hora eram Dioff,
Bren e Diodar, eles são os primeiros a serem atacados e falham no teste para
tentar se esquivar do ataque da Naga. Com o grupo inteiro preso, cabe apenas ao
pequenino, Sadok Pés-Cobertos, salvar o dia. O que um ser de apenas 1,10m
poderia fazer contra um monstro como aquele? Todos se perguntavam isso quando alguém,
não me lembro direito quem, lembrou da espada velha. Em dúvida sobre o que
fazer, o jogador de Sadok disse para mim: “Então eu tento puxar a espada da
bainha...”
Lembro-me
de ter descrito a cena com detalhes: a espada sai da bainha, com um brilho
intenso que assusta a Naga. Quando o pequeno Sadok atacou o monstro, ele
começou a se retorcer no chão, após receber apenas um golpe, e seu corpo começou
a diminuir de tamanho, ao mesmo tempo que vários rasgos surgiam em sua pele. Rasgos
de onde uma luz forte emanava.
A terrível Naga Naranda! O primeiro grande monstro! |
Por fim,
o que restava no chão não era o corpo de uma serpente gigante e, sim, o corpo
de uma bela jovem. Quando a moça desperta, conta aos heróis que um ser demoníaco
a havia amaldiçoado e transformado na temível Naga, causando o fim do templo e
a usando para espalhar sua energia maligna por toda a floresta. Aqueles que
morriam no local retornavam como mortos-vivos e ajudavam o ser diabólico a
manter a cura para a licantropia longe de todos no reino. A Espada Banidora do
Mal foi capaz de romper essa maldição e a magia que dava vida aos mortos-vivos e,
agora, a jovem sacerdotisa, que se apresentou como Narandaliane, podia reerguer
o Templo da Raposa e trazer as bênçãos do Sol a todos na região.
Uma história
simples de luta entre o bem e o mal, mas que nos divertiu muito na época em que
jogamos e que, até hoje, é lembrada com carinho por todos que participaram
dela.
E Narandaliane, a primeira NPC bunitinha... Kkkkkkk |