terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Capítulo I: Cena 4 – Os Primeiros Feitos Lendários


Quando eu decidi começar a jogar RPG eu sequer imaginava o poder de imersão que o jogo possui. Eu apenas desejava criar uma historia divertida com a qual pudéssemos passar as tardes de domingo de um jeito mais produtivo que assistindo aos repetitivos programas dominicais. Mal sabia eu que, juntos, meus amigos, meus irmãos e eu criaríamos aventuras memoráveis que permaneceriam em nossas mentes por muitos e muitos anos.

Foram feitos grandiosos, como salvar o duque, recuperar artefatos lendários e trazer os dragões da luz de volta as pazes com os humanos, tudo que qualquer jovem sonha em ver em um jogo de videogame ou uma história em quadrinhos.

O primeiro grande feito heroico que meus aventureiros fizeram eu me lembro com detalhes até hoje: após enfrentarem e derrotarem Lorduk, os heróis Dioff, Morë Nárë, um habilidoso elfo arqueiro; Diodar, um poderoso e temperamental anão; Bren de Beleghotvar, um humano mago de grande poder, e Sadok Pés-Cobertos, um comerciante de uma raça que chega a apenas 1,10m de altura(inspirada nos Hobbits de O Senhor dos Anéis) já sabiam que deveriam encontrar, urgentemente, a cura para a licantropia, caso contrário o duque Dregan estaria condenado. Não me lembro dos detalhes, mas o fato é que os heróis ficaram sabendo de um templo de um deus conhecido com Deus-Raposa, onde, supostamente, encontrariam a cura que tanto procuravam.

Munidos de muita coragem, os heróis partiram para o tal templo. No caminho, entretanto, são parados por um velho misterioso de nome Bryn Myrdin. Essa estranha figura pergunta aos heróis o que eles pretendem fazer no templo da Raposa e estes prontamente respondem que buscam uma cura para a licantropia.

O velho enigmático, que na verdade é um poderoso mago, percebe que está diante de aventureiros valorosos e decide ajuda-los. Ele os leva até uma cachoeira, aos pés da qual existe uma espécie de lago natural. De dentro desse lago, uma enorme rocha surge, como que por mágica, revelando aos heróis uma entrada secreta de uma caverna. Dentro dessa caverna, os aventureiros encontram 4 artefatos mágicos: uma corda que nunca se rompe, uma tocha que nunca se apaga, uma esfera de cristal de onde brota um filamento de luz que sempre aponta o Leste (o nascente do sol) e um cantil mágico que nunca se esgota.

O mapa de Agash kaar: o reino onde nossas aventuras RPGísticas começaram.


Todos esses itens estavam guardados com cuidado em cima de um pedestal. Aos pés desse pedestal havia uma espada, muito velha e enferrujada, dentro de uma bainha suja e coberta de teias de aranha. Os heróis perguntam a Bryn Myrdin o que seria esta espada e ele responde que era uma espada mágica, mas que ninguém jamais descobriu como se utiliza. Só o que se sabia era que ela era chamada de "Banidora do Mal". O jovem Sadok Pés-Cobertos, o jovem pequenino que era um comerciante antes de começar essa aventura, decide pegar a tal espada e leva-la consigo.
Os aventureiros partem e, após alguns dias de viagem, chegam a Floresta do Templo da Raposa. Logo percebem que há algo errado no ar, pois está tudo em silêncio e parece nem haver animais na floresta. Os heróis, entretanto, têm que seguir em frente. Após andarem algumas horas, avistam ao longe o que seria as ruínas do templo que procuram. Sem entender o que está acontecendo, decidem se aproximar. De tempos em tempos, o jogador do personagem Sadok dizia para mim que estava tentando tirar a espada da bainha, ao que eu respondia que nada acontecia.
Quando chegam à clareira onde o templo foi construído, seus corações se enchem de medo e pesar: diante deles se encontra o Templo da Raposa, totalmente em ruínas e cercado de esqueletos de soldados e cavalos mortos, provavelmente falecidos em alguma grande batalha. Antes que os heróis possam fazer qualquer coisa, estes esqueletos se levantam e partem para cima deles. Sem ter como fugir, os heróis correm em direção ao templo, pensando em se refugiar lá dentro. Foi um momento muito tenso, pois havia muitos mortos-vivos e não haveria como os aventureiros enfrentarem a todos.

O mapa do Templo da Raposa (com z?)... Errinho de portugues às vezes tem mesmo... Kkkkk

A missão dos personagens, entretanto, não era enfrentar os mortos-vivos e, sim, explorar o templo. Por isso, assim que entraram, perceberam que os mortos-vivos não os seguiam. Existia uma forte magia que os mantinha do lado de fora. E lá fora eles permaneceram, cercando todo o local. Sem ter pra onde ir, os aventureiros seguiram para dentro do templo e, após uma rápida exploração, chegaram ao altar central do lugar. Em uma grande sala em ruínas, onde, com certeza se realizavam cerimônias em honra ao deus raposa, eles encontram um altar, no centro do qual um magnifico cálice de prata se encontra guardado. Segundo as lendas era esse cálice que era capaz de curar a licantropia.

Os heróis se rejubilam de alegria: encontraram a cura, a qual vieram buscar. Aparentemente sua jornada chegou ao fim. Tão felizes estavam que esqueceram o bom senso e se aproximaram do cálice sem verificar o local antes.
De repente, surge de trás do altar uma enorme serpente com uma cabeça humana esquelética: uma Naga. Um monstro ancestral que, sem pestanejar, ataca os heróis e os enlaça com seu corpo. Como os que estavam mais próximos do altar na hora eram Dioff, Bren e Diodar, eles são os primeiros a serem atacados e falham no teste para tentar se esquivar do ataque da Naga. Com o grupo inteiro preso, cabe apenas ao pequenino, Sadok Pés-Cobertos, salvar o dia. O que um ser de apenas 1,10m poderia fazer contra um monstro como aquele? Todos se perguntavam isso quando alguém, não me lembro direito quem, lembrou da espada velha. Em dúvida sobre o que fazer, o jogador de Sadok disse para mim: “Então eu tento puxar a espada da bainha...”
Lembro-me de ter descrito a cena com detalhes: a espada sai da bainha, com um brilho intenso que assusta a Naga. Quando o pequeno Sadok atacou o monstro, ele começou a se retorcer no chão, após receber apenas um golpe, e seu corpo começou a diminuir de tamanho, ao mesmo tempo que vários rasgos surgiam em sua pele. Rasgos de onde uma luz forte emanava.

A terrível Naga Naranda! O primeiro grande monstro!

Por fim, o que restava no chão não era o corpo de uma serpente gigante e, sim, o corpo de uma bela jovem. Quando a moça desperta, conta aos heróis que um ser demoníaco a havia amaldiçoado e transformado na temível Naga, causando o fim do templo e a usando para espalhar sua energia maligna por toda a floresta. Aqueles que morriam no local retornavam como mortos-vivos e ajudavam o ser diabólico a manter a cura para a licantropia longe de todos no reino. A Espada Banidora do Mal foi capaz de romper essa maldição e a magia que dava vida aos mortos-vivos e, agora, a jovem sacerdotisa, que se apresentou como Narandaliane, podia reerguer o Templo da Raposa e trazer as bênçãos do Sol a todos na região.
Uma história simples de luta entre o bem e o mal, mas que nos divertiu muito na época em que jogamos e que, até hoje, é lembrada com carinho por todos que participaram dela.

E Narandaliane, a primeira NPC bunitinha... Kkkkkkk