quarta-feira, 24 de agosto de 2011

RPG – Começando pelo começo

       RPG é uma sigla que vem do Inglês: Roleplaying Game – Jogo de Interpretação. O jogo foi criado na década de 70 por Gary Gigax e Dave Arneson. As histórias não são oficiais, mas reza a lenda do RPG que os dois jogavam, com um grupo de amigos, um jogo de batalhas de miniaturas e um deles teria construído a maquete de uma fortaleza impenetrável. Após várias horas de jogo os invasores, realmente, não conseguiram transpor as muralhas do tal castelo e um deles, mais por bravata que mesmo por inspiração, disse: “Tudo bem, meus soldados não conseguiram entrar em sua fortaleza, mas tenho certeza que pelo menos um de meus homens conseguirá entrar pelos esgotos do castelo e penetrar seu interior.” O construtor da fortaleza pensou um pouco e respondeu: “Pois bem: semana que vem nós vamos jogar com esse seu guerreiro e ver o que ele encontra lá nas masmorras.” Na semana seguinte eles começaram a jogar, não com exércitos se locomovendo pelas maquetes em cima da mesa, mas com apenas um pequeno grupo de personagens, enfrentando monstros, armadilhas e, mais tarde, os temíveis dragões que dariam nome ao primeiro RPG de todos: Dungeons and Dragons – Masmorras e Dragões.

Capa da 1ª Edição de D&D
Raridade

Livro do Mestre de D&D 4ª Edição
Mais recente versão do famoso RPG

No começo, D&D era jogado com miniaturas:
Assim ó...

        Esse primeiro RPG tinha muito do que seria o RPG como conhecemos hoje, mas ainda era mais inspirado em estratégia do que em interpretação. Esse cenário, entretanto iria mudar em 1991, quando Mark Rein Hagen lançaria o RPG Vampiro: A Máscara. Inspirado no filme Entrevista com o Vampiro, esse RPG levava os jogadores a interpretar vampiros vivendo escondidos na sociedade atual, tendo que conviver com as vantagens e desvantagens de serem imortais. Nesse novo jeito de jogar RPG, as regras e as batalhas eram secundárias: o que valia era criar histórias densas e interessantes para seus personagens.
        Não quero dizer que Vampiro seja mais “sério” que D&D ou que um seja melhor que o outro (como alguns jogadores mais fanáticos, às vezes, costumam afirmar): os dois sistemas são ótimos naquilo que se propõem a fazer. Falarei sobre isso em outro post. O fato é que ambos os sistemas contribuíram para dar ao RPG a cara que ele tem atualmente. Hoje, vários outros sistemas diferentes existem a disposição do jogador e possui sua legião de fãs fiéis: sistemas como GURPS e os brasileiros DAEMON e 3D&T.

Vampirao: A Máscara
Outro clássico
        Todos eles, entretanto, bebem da fonte inaugurada pelos dois precursores, em maior ou menor grau.




terça-feira, 23 de agosto de 2011

Capítulo I: Cena 2 - O Início da Jornada - 2ª Parte

         No post anterior narrei meu primeiro contato com o Universo Fantástico do RPG, se me permitem o trocadilho.
         Pois bem, foi através de uma revista inspirada no universo de Tolkien que comecei a me aventurar pelo RPG e foram muitas das histórias desse inspirado autor inglês, que na época eu estava começando a conhecer, que inspiraram minhas primeiras aventuras.
         Tudo começou assim: lá estava eu de posse de um livro de regras de RPG, mas sem ter com quem jogar. Não havia nenhum mestre na minha cidade e o acesso a internet pra mim, na época, era bem limitado. O que fazer então? Teria que começar a mestrar eu mesmo. De posse de muita empolgação, algumas revistas Dragão Brasil que conseguia compradas nos Sebos e as idéias que pululavam em minha mente, grandemente inspiradas pelo filme do Senhor dos Anéis, comecei a apresentar para meus dois irmãos mais novos o mundo mágico que começava a se descortinar diante de meus olhos, e que logo fascinou a ambos.
         Logo queríamos começar a criar nossos personagens e a levá-los pelo mundo da magia, combatendo o mal, salvando princesas e escrevendo nossos nomes na história... Hum, onde já ouvi essa frase antes?
         Nossa empolgação era tanta que logo dois amigos de meus irmãos, e, por conseguinte, colegas meus se juntaram ao grupo. Estávamos cheios de idéias para nossos personagens, na maioria nem um pouco originais, mas, com certeza, muito sinceras. Só havia um problema: pra jogar o sistema SiRIUS precisávamos de dados de 10 lados, coisa que nem em minha cidade nem na cidade vizinha (Itajubá) alguém já havia visto ou ouvido falar.

Dados de madeira para RPG: a imaginação não tem limites.

           Pois bem: não deixei isso me abater de forma alguma! Fiz eu mesmo dados de 10 lados feitos de madeira, para que pudéssemos jogar. Com carinho e muito zelo, cortava, lixava e envernizava os danadinhos, para que nada pudesse interromper nossa jornada rumo a um universo de sonhos e descobertas.
           Ainda guardo esses objetos tão simples, mas ao mesmo tempo tão simbólicos em minha vida, pois mostraram que, quando se quer alguma coisa, é só trabalhar duro e com confiança que conseguimos. He He... Como podem ver nas fotos, os dados ficavam meio tortos e me lembro muito bem que alguns números sempre saiam mais que outros, mas nem nos importávamos com isso. Tudo o que queríamos era interpretar nossos heróis e (no meu caso, snif, snif) vilões... E “jogarmos” incríveis aventuras.




D4, D6, D8, D10, D12 e D20: A coleção completa para D&D.
 

Havia dados dezenados, para rolar porcentagem e até um dado que fiz com números élficos.


sábado, 20 de agosto de 2011

Capítulo I: Cena 1 - O Iníco da Jornada - 1ª Parte

O Um Anel
O ano era 2001. Todos os fãs de fantasia medieval e filmes do gênero se encontravam em polvorosa com o anúncio da estréia do filme O Senhor dos Anéis, baseado no livro de mesmo nome que, como todos os jornalistas e especialistas diziam na época, lançou os alicerces para a fantasia medieval como a conhecemos hoje.
          É claro que tamanha comoção não passou despercebida por um jovem sonhador que sempre se interessou por filmes como Coração Valente; Excalibur, A espada do Poder e Willow, na Terra da Magia. Em sua busca por mais e mais informações sobre o filme que prometia revolucionar a indústria cinematográfica no quesito filmes de fantasia, eis que este jovem, que escreve agora, encontrou nas bancas de jornais a revista Universo Fantástico de J.RR. Tolkien.
Bonita e de muita qualidade, as páginas da tal revista traziam aos meus olhos extasiados elfos, anões, dragões, cavaleiros e toda sorte de seres fantásticos que povoaram minha imaginação, em minha infância, e que nunca abandonaram meus sonhos, mesmo depois de adulto.
Ah... quantas vezes não sonhei em ser um daqueles heróis, combatendo o mal, salvando inocentes princesas e escrevendo meu nome na história de um mundo cheio de perigos e magia. Mas sempre vinha a realidade e me mostrava que tudo aquilo não passava de um sonho, impossível de se realizar.
Universo Fantástico
 de Tolkien #6
Universo Fantástico do RPG #2
O Mundo de Enda
Universo Fantástico do RPG #1
Com livro grátis: Sistema SiRIUS
 
  Impossível? Sim, na época eu acreditava nisso, mas eis que a mesma revista que me apresentou o mundo mágico de Tolkien gera frutos, e a mesma equipe que publicava a Universo Fantástico de J.R.R. Tolkien decide publicar uma nova revista chamada Universo Fantástico do RPG. Logo no primeiro número, a revista vinha com um sistema completo de RPG, aquele “jogo estranho” onde você interpreta heróis combatendo o mal e do qual, na época, eu só havia ouvido falar.
 O nome do sistema era SiRIUS, Sistema de Regras de Interpretação de Uso Simplificado, e era, na verdade, um sistema básico de RPG, que estava sendo lançado na época por Rogério Mendes com o objetivo de divulgar o jogo. Era simples, objetivo e de fácil aquisição, tudo que eu precisava naquela época de vacas magras para dar inicio a minha jornada ao mundo da fantasia...
            E foi exatamente o que eu fiz...
Deixando o Condado, por Ted Nasmith.
Lembro me que, depois dessa cena, uma noite de luar nunca mais foi a mesma pra mim.